Criar um clube de leitura sempre foi, para mim, uma forma de estender a experiência da literatura para além da solidão da página. Mais do que ler livros, eu queria criar um espaço de partilha, escuta e afeto – onde as palavras ecoassem em outras vozes, ganhassem outros sentidos. Foi assim que nasceu o Clube de Leitura da Ayla, uma iniciativa simples e afetiva, pensada para reunir pessoas em torno de livros que me atravessam e me inquietam.
A primeira edição aconteceu de forma presencial, na sede da Editora Substansia, no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza. Naquela tarde, conversamos sobre Inhamuns, livro de estreia da escritora cearense Kah Dantas, publicado pela Editora Moinhos. Foi um encontro bonito, íntimo, onde falamos sobre interior, memória, linguagem e silêncios.
Já a segunda edição foi online e nos conectou com pessoas de diferentes cidades. O livro da vez foi Mulher das Cavernas, de Lia Sanders, também publicado pela Editora Substansia. A conversa girou em torno da escrita de si, da potência da linguagem feminina e das camadas que a autora cria entre cotidiano e fabulação.
Esses encontros têm me mostrado que ler junto é uma forma de escuta. Uma pausa na correria dos dias para, com calma, deixar que a literatura nos transforme — e transformar também a forma como olhamos para nós e para o mundo.